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Isabel e Gil

Arte, cultura e conhecimento ... e outros temas interessantes

Isabel e Gil

Arte, cultura e conhecimento ... e outros temas interessantes

POR AMOR À SABEDORIA

Sinopse


Por onde começar a investigar a questão de Deus? Que forças psicológicas se opõem à investigação filosófica? Será que a existência do Universo implica necessariamente a existência de um criador divino? Qual é afinal a solução do paradoxo do ovo e da galinha? Será mesmo verdade que se Deus não existir tudo será moralmente permitido? Que ideias filosóficas e que forças psicológicas nos impedem de agir moralmente e de viver eticamente? Qual a melhor forma de ética política? Serão as religiões verdadeiras? Que significados metafísicos contém o símbolo chinês do Yin-Yang? Qual é o poder efectivo da razão para causar a acção? Será realmente possível conhecermos a verdadeira natureza das coisas? O que é a verdade em filosofia e em moral? Será racional acreditar em Deus sem provas da sua existência? Serão os juízos filosóficos objectivos, em particular os juízos morais? Será que a vida tem sentido? Se sim, qual será ele? Será que o Nada existe? Se Deus existir e tudo tiver uma causa, será que Deus também é ou foi causado? Será moralmente permissível mentir ou estaremos sempre moralmente obrigados a dizer a verdade? Poderá o Universo ter-se criado a si mesmo? Como avaliar uma filosofia? Será o conceito de Deus autocontraditório e/ou autorefutante? Que utilidade e inconvenientes tem a história (da filosofia) para a filosofia? Será que a evolução natural é (in)compatível com o teísmo? Deverá a filosofia parar de interpretar o mundo para procurar acima de tudo transformá-lo? Será a famosa regra de ouro da moral no fundo uma regra egoísta e perigosa? Terão os cientistas maior autoridade para criticarem os filósofos pela sua ignorância científica do que o inverso? Porque é que o relativismo se tornou, paradoxalmente, um dogma absolutista dos tempos modernos? Será que a melhor explicação para o mistério da consciência consiste em acreditá-la presente em todas as coisas? Será mesmo verdade que tudo o que existe e acontece tem necessariamente uma razão suficiente para existir e acontecer? Será o mal apenas a privação do bem? O que é afinal a ciência? Serão ciência e filosofia, no fundo, uma e a mesma coisa? Pode a filosofia ser de alguma utilidade para a ciência e para os cientistas? Serão ciência e religião verdadeiramente compatíveis? Deveremos procurar ou evitar um possível contacto extraterrestre? Qual é a importância de ser coerente? Terão os animais realmente direitos? Se o relativismo fosse verdadeiro, o que implicaria ele para o ensino da filosofia? Será a filosofia imoral e perigosa? Será que a filosofia tem futuro? Quem amar verdadeiramente a sabedoria e se interessar por estas e muitas outras questões filosóficas, estando intelectualmente disponível para pensar sobre elas em busca de uma possível resposta, então talvez encontre aqui alimento espiritual suficiente para se ocupar durante algum tempo nessa nobre tarefa. Quem sabe, com um pouco de sorte, concordando ou não com o autor nas suas respostas, é mesmo possível que não dê por mal empregue o tempo que gastou a ler. É pelo menos essa a esperança e esses os votos do autor do livro.

 

Autor: João Carlos Silva

Para explicar aos Finlandeses o que é Portugal

Com tantos portugueses a invejarem a Finlândia e a quererem imitá-la, depois deste vingativo anúncio publicitário - que deve ter sido encomendado por orgulhosos portugueses, é claro - aposto que são os finlandeses que vão ficar roidinhos de inveja de Portugal e cheinhos de vontade de virem viver para cá. Não, finlandeses, a vingança não se serve fria, serve-se quente como o sol do Al-Garve e acompanhada por um cálice de vinho do Porto!

 

 

Os mistérios da matemática

O que é afinal a matemática e qual a sua relação com o mundo físico? Será apenas um instrumento útil criado por nós, uma linguagem artificial que nos permite descrever, prever e construir objectos e fenómenos? Ou, como pensavam os pitagóricos, Platão, Galileu, Kepler, Newton, Einstein e boa parte da física contemporânea, haverá uma conexão mais profunda entre a matemática e o Universo, sendo este intrinsecamente matemático na sua essência última e sendo assim a matemática o próprio código segundo o qual o próprio Cosmos se encontra escrito? Será essa a verdadeira explicação para o facto de a matemática funcionar tão bem e ser tão universal, tanto em termos da pura ciência teórica como relativamente às suas aplicações tecnológicas? Será essa a razão que justifica que todas as leis da Natureza, todos os padrões, regularidades e constantes que descobrimos no Universo e na Arte possuam uma estrutura matemática? Eis o Grande Mistério da Matemática.

 

 

A INATIVIDADE DOS ATIVOS

Aos ativos falta, habitualmente, a actividade superior: refiro-me à individual. Eles são ativos enquanto funcionários, comerciantes, eruditos, isto é, como seres genéricos, mas não enquanto pessoas perfeitamente individualizadas e únicas; neste aspecto, são indolentes. A infelicidade das pessoas ativas é a sua actividade ser quase sempre um tanto absurda. Não se pode, por exemplo, perguntar ao banqueiro, que junta dinheiro, qual o objectivo da su...a incansável atividade: ela é irracional. Os homens activos rebolam como rebola a pedra, em conformidade com a estupidez da mecânica. Todos os homens se dividem, como em todos os tempos também ainda actualmente, em escravos e livres; pois quem não tiver para si dois terços do seu dia é um escravo, seja ele, de resto, o que for: político, comerciante, funcionário, erudito.

Friedrich Nietzsche, in 'Humano, Demasiado Humano'

 

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O imposto que ajudou à união dos patrões e à queda da República

Criada em 1924, a União dos Interesses Económicos, impulsionada pela Associação Comercial de Lisboa, serviu como ponto de encontro dos patrões contra o sistema parlamentarista da Primeira República.

Criada em 1924, a União dos Interesses Económicos, impulsionada pela Associação Comercial de Lisboa, serviu como ponto de encontro dos patrões contra o sistema parlamentarista da Primeira República.

“A lei do selo constitui uma violência contra o comércio”, escrevia João Pereira da Rosa, dirigente da Associação Comercial de Lisboa, num artigo publicado em O Século no dia 11 de Setembro de 1924.

O artigo de Pereira da Rosa, ligado ao movimento patronal ( e mais tarde procurador da Câmara Corporativa do Estado Novo), surgia na sequência de um conflito cada vez mais evidente entre grandes comerciantes e o Governo republicano, que ganhara novos contornos com a portaria das novas taxas de selagem para bebidas alcoólicas e perfumarias. Esta lei, publicada nos jornais de 26 de Agosto, encarecia o custo dos produtos, com benefícios para os cofres do Estado.

A primeira reacção dá-se logo numa reunião da Associação Comercial de Lisboa (ACL) a 10 de Setembro, afirmando-se que, pelo seu impacto económico, esta “não se pode cumprir”. Decide-se ainda pela criação de uma comissão especializada e uma manifestação de desagrado, que passaria pelo encerramento dos estabelecimentos comerciais no dia em que a referida comissão fosse recebida pelo Governo. Mas se o imposto foi um mote para a demonstração de desagrado, este funcionou mais como ponto de agregação do que motivo único de descontentamento.

Menos de dois meses antes, a ACL já tinha realizado uma assembleia extraordinária onde aprovara uma moção onde defendia que as pastas da agricultura, comércio, finanças e colónias deviam ser administradas por personalidades sem “interferências políticas” e que, se necessário, o Chefe de Estado deveria impor essas medidas contra o Parlamento.

É ainda referida a necessidade de um “movimento patriótico tomar a responsabilidade, por delegacia nos seus melhores componentes, das pastas de natureza económica e financeira, num Governo de salvação nacional, no objectivo único de, pondo em práticas as suas doutrinas, tanta vez recusado pelos governos, salvar o País da derrocada que se avizinha”.

O tom claramente anti-parlamentarista dos responsáveis da ACL (presidida por Adriâno Júlio Coelho, tinha como vice-presidente Mosés Amzalak, que virá a ocupar a presidência em 1926) é rapidamente condenado pelo Parlamento e pelo Senado, com os republicanos a considerarem a moção um “incitamento ao crime”.

A criação da UIE
No domingo de 28 de Setembro reúnem-se “representantes de todas as associações comerciais, industriais e agrícolas de todo o País para apreciarem e deliberarem sobre a continuação do movimento iniciado pelas forças económicas da capital, acerca dos decretos sobre selo e contribuição recentemente criados”. Nascia então a União dos Interesses Económicos (UIE).

A UIE, Impulsionada pela ACL, teve o apoio dos comerciantes e industriais do Porto, seguindo-se os agricultores, cuja associação é dominada por José Pequito Rebelo (monárquico, ligado ao Integralismo Lusitano) e Joaquim Nunes Mexia (proprietário agrário, foi deputado sidonista e virá a apoiar a Ditadura Militar, assumindo a pasta da Agricultura.

Estavam plantadas as sementes da organização civil que congregará as forças dos patrões contra o regime republicano, mesmo se a UIE era dominada pelos comerciantes, cujos interesses, muitas, vezes, se opunham aos dos industriais.

O ponto de viragem do patronato dera-se entre 1922 e 1923. Por um lado, sente uma necessidade de união após a noite sangrenta de 19 de Outubro de 1921 (que conduz ao exílio voluntário, ou fuga, de Alfredo da Silva, proprietário da CUF, que chega a ser alvo de atentado em Leiria, quando se dirigia para Espanha), e perante o perigo de avanço do programa dos radicais. Por outro lado, a sua luta deixa se ter como alvo principal o operariado, focando-se, assim, mais nos programas de Governo.

“A ACL pode assim orgulhar-se de, ao fim de poucas semanas de uma campanha conduzida de forma exemplar, ter conseguido unir contra a República a quase totalidade das associações patronais”, escreve António José Telo. O historiador destaca que “só numa altura de grave crise como a que então se atravessava tal seria possível”, levando assim à formação de “uma organização patronal claramente política e virada contra o sistema de partidos e a República”.

Por esta altura, numa nova reunião que envolveu elementos dirigentes da ACL, da Associação Comercial do Porto (ACP) e da Associação Industrial Portuguesa (AIP), Pereira da Rosa declara que “as forças vivas do País, num movimento colectivo, sem precedentes, vinham oferecer o seu concurso e a sua colaboração ao Governo para se fazer uma remodelação do actual serviço de impostos. O comércio, a indústria e a agricultura querem pagar mas não como querem que eles paguem”. E acrescenta: “Os erros e os desmandos que fizeram cair a monarquia hão-de derrubar igualmente este regime”. As posições iam endurecendo, e o jornal O Século começa a publicação de uma série de entrevistas com personalidades que formarão a UIE, e que se inicia com Alfredo Augusto Ferreira, da ACL, publicada a 1 de Outubro de 1924.